quinta-feira, 19 de julho de 2007

Principio do fim

Citação do Dia:"Nada mais certo do que a morte e nada

mais incertos que o dia e a hora em que ela virá." - Marcus Cícero
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Recentemente, todos nós ficamos chocados com o acidente ocorrido com o avião da TAM, chocados e indignados com a situação da aviação brasileira que está num estado deplorável, mas não é esse o principal tema do que quero falar, esse fato me chamou atenção para algo que me deixa curioso, a MORTE que é o que mais nos choca nesse tipo de acontecimento.

No universo racional dos homens, pode-se afirmar que a única certeza da vida é a morte, no entanto, a grande maioria dos homens a temem, e se pudessem adiariam-na pra sempre.

E a morte? Na se olharmos no dicionário veremos a seguinte definição: o fim da vida, fim, grande pesar.

Para Edgar Morin o autor do complexo, a morte pode ser entendida como objetividade da subjetividade da objetividade. O que quer dizer?

· A objetividade, devemos entendê-la como a tradução do momento em que o indivíduo recebe a notícia da morte, é o impacto;

· A subjetividade, representa a inaceitabilidade do fato, a sua incompreensão;

· A objetividade da subjetividade, é a consciência da irreversibilidade da morte, da sua concretude e sua possível aceitação.

O horror da morte é a emoção, o sentimento ou a consciência da perda de sua individualidade. Emoção-choque, de dor, de terror ou horror. Sentimento que é de uma ruptura, de um mal, de um desastre, isto é, sentimento traumático. Consciência, enfim, de um vazio, de um nada, que se abre onde havia plenitude individual, ou seja, consciência traumática. (MORIN).

Mas será que a morte é um fim em si mesma? A morte é cruel, fria, não cede espaço para qualquer tentativa de dialogia, isso faz com que o homem nunca a compreenda de fato.

Os paradigmas convivem no cosmo naturalmente, para isso, faz-se necessário um equilíbrio mental ou espiritual, ou ambos, para que o indivíduo possa crer numa lei maior regente no universo, evitando a ruína de sua espécie.

Nas ciências médicas, hoje, independentemente do quadro econômico de cada país, o mundo dispõe a seu favor de tecnologia de ponta para descobrir as causas e efeitos das doenças responsáveis pela aflição da humanidade. As ciências cognitivas estão convictas de que as novas ciências da mente precisam ampliar seus horizontes, inserindo a experiência humana de todos os tempos. Além disso, a ciência, de novo, diferentemente de outras práticas humanas e instituições – encarna sua compreensão em artefatos tecnológicos. No caso das ciências cognitivas, esses artefatos são máquinas de pensar/agir cada vez mais sofisticadas, as quais têm o potencial de transformar a vida cotidiana talvez ainda mais que os livros do filósofo, as reflexões do cientista social, ou as análises terapêuticas do psiquiatra. (VARELA).

E o que resta então para o ser humano diante da veracidade de sua impotência frente o fim?

O fim está na desistência de continuar vivendo na mesma ambiência em que pairam o desconhecido, o medo, as dúvidas, as incertezas, a ausência de harmonia entre o ter e o ser.

Para conviver com a idéia, o homem precisa acreditar na complexidade de tudo que o rodeia no universo, ampliando sua capacidade de entendimento sobre o significado de: “natureza, espécie e humanidade”. (lembra? Darwin, Seleção Natural, Criacionismo...)

Nessa linha de raciocínio, existem também as ligações dos paradoxos que aparentemente são opostos, mas ao serem examinados em suas raízes sob a luz da teoria do complexo, tornam-se adequados ao homem quando tocado em seus recalques interiores e com o cosmo. São alguns:

· vida/morte; amor/ódio;

· sagrado/profano; certeza/incerteza;

· ordem/desordem; crença/ceticismo;

· organização/desorganização; .... e muitos outros.

Mesmo assim, o ser humano pode optar em não por um ponto final. A própria morte ensina como continuar a vida, que nos leva a mais um paradoxo. Quando alguém morre, as atitudes práticas, burocráticas, financeiras e racionais são providenciadas pelos que “ainda” estão vivos. Destarte, torna-se impossível, para as pessoas presentes nesse habitat a recusa de uma reflexão sobre a sua própria morte.

E, considerando o ato de pensar profundamente sobre a morte, a nossa cultura oferece um leque ampliado de ponderações sobre o assunto. Alguns para se meditar:

“O pensamento da morte não corresponde à imagem da nossa própria morte: O problema da vida é passá-la o mais agradavelmente possível, visto que a morte não é nada para nós”. (MARANHÃO).

“É desse ponto de vista que Epicuro examinou a morte, e assim tinha toda razão em dizer que a morte não nos concerne”; pois, disse ele que, quando somos, a morte não é, e quando a morte é, não somos mais.“ (SCHOPENHAUER).

“Só podemos compreender a humanidade da morte compreendendo a especificidade do humano”. (MORIN).

“A consciência realista da morte é traumática em sua própria essência, a consciência traumática da morte e realista da sua própria essência. Onde o traumatismo ainda não existe, onde o cadáver não está singularizado, a realidade física da morte ainda não está consciente”. (MORIN).

“A consciência da morte não é algo inato, e sim produto de uma consciência que capta o real. É sópor experiência”, como diz Voltaire, que o homem sabe que há de morrer. A morte humana é um conhecimento do indivíduo.” (MORIN).

Esses e muitos outros conjuntos de idéias movem o homem num sentido positivo diante do fenômeno da morte, proporcionando qualidade de vida para a parcela da humanidade adepta ao convite das diversificadas filosofias, cujo intuito é aproximar-se do mistério do “morrer” mesmo sabendo que é indecifrável.

Enfim, a morte, o morrer não deixa brechas para possíveis indagações, é uma experiência una, portanto, o homem só desvenda o segredo quando chegada a sua vez.

Mas, apesar de decisiva, a morte pode ser compreendida, sentida, chorada, de maneira sadia, eficaz,apreendendo do fato as melhores lições de vida e de amor das pessoas que fazem parte do mundo e do universo particular de cada um.

Isso faz com que eu chegue ao seguinte ponto, o homem não consegue aceitar a morte de fato, como o fim para tudo, ele se acha absoluto de mais para isso, logo ele procura encontrar algo para depois dessa una experiência, para alimentar seu egocentrismo, mas isso é ruim?

Platão dizia que por mais que uma verdade fosse dolorosa, era melhor que uma “mentira anestésica” eu EM PARTE discordo. Voltemos ao acidente do Avião da Tam, o que pensar os familiares, seria uma dor terrível para alguns não acreditarem que a partir daí acabou não terão outra chance de vida, pois a maioria nunca compreenderia isto.

Não estou dizendo que é certo viver de ilusão, eu repudio esse tipo de ignorância, mas existem pessoas tão presas, aquelas idéias de paraíso, que tirar isso delas é como fazer uma cirurgia sem anestesia, uma dor desnecessária.

Mas se mudássemos essa forma de pensar de uma maneira geral? Estaríamos preparados para este tipo de situação, e talvez de fato aceitaríamos a morte como ela realmente acontece, e passaríamos a valorizar mais a vida.

A expressão em latim “Memento Mori” quer dizer: Lembra-te que morrerás. Essa expressão servia para lembrar aos homens que a vida acaba, e precisa ser vivida o maximo possível. Mas a idéia de “vida após a morte” nos acomoda pra que não vivamos de fato, esperando uma vida melhor, mas vale a pena esperar arriscando tudo por uma incerteza?


Ronniérisson C. N.

2 comentários:

Unknown disse...

acho que o ser humano sempre precisou de uma explicação pra tudo...com a morte não seria diferente....acreditar que eles vão viver e depois da morte irão para um "paraíso" ou coisa parecida... acredito que é uma forma de consolo..sei lá,uma forma de mostrar que vale a pena lutar nessa vida,fazer tudo certo...e depois virá a "recompensa".....
e muitas pessoas acham bem mais fácil acreditar em algo que todos acreditam....do que "perderem" seu tempo tentando saber mais sobre a vida e a morte por exemplo...eles acostumam,aceitam...tem medo da mudança...de admitir que pensam de outra forma e aceitam esse "padrão" essa "explicação" da morte...

Unknown disse...

" a morte é um ciclo natural infinito "

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